Crença Ateísta

Crença Ateísta- Carta a uma Nação Cristã
Embora a Carta a uma Nação Cristã por Sam Harris seja uma declaração de crença ateísta, uma resposta cristã credível deve começar com a admissão de que muitos teístas e ateus inteligentes compartilham várias opiniões incontestáveis. Primeiro, concordamos que nós dois não podemos estar corretos sobre os dogmas do cristianismo. Também concordamos que "para ser um verdadeiro cristão é necessário acreditar que todas as outras religiões estão erradas, por completo.”¹⁸ Além disso, concordamos que Deus ou existe, ou não. Em suma, as leis fundamentais da lógica, como a lei da não-contradição,¹⁹ se aplicam a todos nós, independentemente de nosso sistema de crenças ou visão do mundo. Certamente áreas de concordância existem entre nós. No entanto, também temos muitas áreas de desacordo. Uma das mentiras mais manifestas é a presunção de que "todo muçulmano devoto tem as mesmas razões para ser um muçulmano que [eu] tenho para ser um cristão.”²⁰ Sua presunção o leva a crer que é válido comparar o Islã com Cristianismo. Você afirma que "os muçulmanos não estão fazendo afirmações sobre a realidade que podem ser corroboradas”²¹ e sugere o mesmo sobre o Cristianismo, mas a sua última hipótese é equivocada.

Ao longo de sua Carta a uma Nação Cristã, você expressa seus medos da religião como a "Raiz de todos os males”²² do mundo. Em sua opinião, liberar-se da religião, ou devo dizer O Fim da Fé,²³ quase certamente implicaria o término do terrorismo e de boa parte das guerras. Em ambos os seus livros, você lista numerosos conflitos mundiais baseados na fé. No entanto, você dirige sua carta aos cristãos americanos. Você vê os cristãos americanos em guerra com outras religiões? Estão os cristãos protestantes matando os católicos romanos nos Estados Unidos devido a diferenças doutrinárias? Você vê os cristãos americanos desviando o tráfego aéreo em direção aos prédios no Oriente Médio? Talvez você deveria ter dirigido a sua Carta aos muçulmanos radicais, embora saibamos que esse livro não venderia no Oriente Médio e um mercado que representa menos de 1% dos americanos dificilmente justificaria tal edição aqui nos Estados Unidos.

Crença Ateísta - A Questão de Moralidade
Você afirma que "as questões de moralidade são questões sobre felicidade e sofrimento. Este é o motivo pelo qual você e eu não temos obrigações morais para com as rochas.”²⁴ Gostaria de sugerir que as questões de moralidade se estendessem para além dos limites que você lhes tem outorgado. Em certo sentido, até que temos uma obrigação moral para com as rochas. Não temos obrigações morais para sustentar os recursos de nossa terra? A maioria dos ateus diriam que sim. Na verdade, e isso pode ser surpreendente, também a maioria dos cristãos. Os teólogos incluem a responsabilidade de cuidar da terra e do ambiente ao que chamamos de mandato cultural, ou mandato da criação.²⁵

A perspectiva cristã ortodoxa considera moralmente correto expressar sua preocupação sobre as violações dos direitos civis em outros países e tentar ajudar esses países em trazer tais atividades desumanas a um fim. Um presidente que fundamenta sua moral nos ensinamentos de Jesus Cristo não podia ignorar a crueldade refletida nos crimes contra a humanidade que Saddam Hussein infligiu em seu próprio povo. Eu moro em uma cidade com uma elevada percentagem de pessoal militar. O apoio ao presidente George W. Bush e à Guerra do Iraque começou forte. Desde então, tem diminuído apenas devido à incapacidade dos americanos de claramente ver uma resolução para a situação no Iraque. No entanto, os cristãos com quem falei em nossas Forças Armadas têm feito um compromisso firme de alcançar a estabilidade no Iraque antes da significativa retirada das tropas que é necessária para acabar com a guerra. Uma perspectiva liberal epicurista ou utilitária (como vou abordar mais adiante neste livro) não justifica nenhuma preocupação real com os abusos que ocorrem em terras estrangeiras. Ambas as perspectivas se revertem à lógica de que o que é melhor para o indivíduo ou grupo local deve prevalecer e acaba ignorando as necessidades das pessoas externas.